Cantor revive em show no Rio o repertório do disco de 1995 que o apresentou ao Brasil com canções como ‘À primeira vista’, ‘Beradêro’ e ‘Mama África’. Capa do álbum ‘Aos vivos’ (1995), de Chico César
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♫ MEMÓRIA
♪ Nem sempre um artista consegue aparecer logo no primeiro álbum. Chico César conseguiu com o álbum Aos vivos e, por isso, o artista celebra hoje, 25 de janeiro, em show no Circo Voador (RJ), os 30 anos desse disco de 1995 que mudou a vida de Francisco César Gonçalves e o tornou um dos grandes nomes da música brasileira da década de 1990.
Quando lançou o álbum Aos vivos em 1995, o cantor, compositor e músico paraibano tinha 31 anos e era (razoavelmente) conhecido apenas em João Pessoa (PB) – onde entrara em cena na adolescência, integrando bandas como Super Som Mirim e Ferradura – e no circuito regional de festivais do interior do Brasil.
A propósito, um dos standards autorais do repertório do álbum Aos vivos, Beradêro, tinha sido apresentado pelo artista em 1991 ao público que conferiu em Avaré (SP) a nona edição da Feira avareense da música popular (Fampop), festival que se tornaria o mais longevo do Brasil. Tanto que o primeiro registro fonográfico de Beradêro foi feito naquele ano no disco coletivo do evento.
Em carreira solo iniciada naquele ano de 1991, Chico César jogou todas as fichas na gravação do álbum Aos vivos, realizada em São Paulo (SP), entre 24 e 26 de junho de 1994, em três apresentações do show de voz e violão, feito pelo cantor na Sala Guiomar Novaes, da Funarte, com participações do guitarrista Lanny Gordin (1951 – 2023) e do contemporâneo Lenine (ao violão).
Na ocasião, Chico já vivia em São Paulo (SP), cidade para onde migrara, vindo de João Pessoa (PB), em busca de maiores oportunidades profissionais.
A mudança e a gravação ao vivo surtiram efeito. Ao ser lançado em setembro de 1995, pela gravadora Velas, o álbum ao vivo de Chico César conseguiu chamar as atenções do público e do mercado – em especial as das cantoras – para o cancioneiro autoral do artista.
Das 15 músicas que compunham o repertório do álbum Aos vivos, treze eram de autoria de Chico César, sendo dez da lavra solitária do compositor, uma em parceria com Itamar Assumpção (1949 – 2003) – Dúvida cruel, nunca gravada por Itamar – e duas em colaboração com Tata Fernandes, Templo e Nato.
E o fato é que, analisado em perspectiva, 30 anos após o lançamento, o álbum Aos vivos funciona quase como um best of de Chico César.
Estão lá canções como À primeira vista (hit romântico que Elba Ramalho queria gravar, mas que acabou amplificada pela voz de Daniela Mercury em 1996 em gravação propagada na trilha sonora da novela O rei do gado), Mama África (o grande sucesso radiofônico do disco, faixa em que muitos identificaram uma inexistente similaridade entre os timbres das vozes de Chico e Caetano Veloso), a já mencionada Beradêro (música que ganharia belo registro de Zizi Possi em 1996), A prosa impúrpura do Caicó, Mulher eu sei e a também já citada Templo, parceria de Chico com Tata Fernandes e Milton Di Biasi que mereceu registros fonográficos das cantoras Vânia Abreu (naquele mesmo ano de 1995) e Renata Arruda (em 1996).
Fora da seara autoral de Chico César, havia o baião Paraíba (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1947) – reminiscência da vivência do artista na interiorana cidade de Catolé do Rocha (PB), onde Chico nasceu em 26 de janeiro de 1964 – e Alma não tem cor, música de André Abujamra, também lançada em disco naquele ano de 1995 pela banda Karnak.
O registro do baião Paraíba foi turbinado pelo toque da guitarra de Lanny Gordin, também ouvida nas já mencionadas canção A prosa impúrpura do Caicó e Nato. Já o violão de Lenine adornou as gravações de Dança, Dúvida cruel e Nato, sendo que Dança e Nato também trazem a voz do cantor pernambucano, ainda pouco conhecido do público.
Bonazir, Clandestino, Sarahienne e Tambores formam o lote de músicas assinadas somente pelo compositor que não chegaram a ganhar projeção nacional no conjunto da obra autoral registrada por Chico César no disco Aos vivos.
Relançado no então inédito formato de LP em 2020, para celebrar os 25 anos da edição original em CD, o álbum Aos vivos conserva o viço em 2025 e merece a festa que Chico César fará hoje no Circo Voador em show que também comemora os 61 anos de vida completados pelo artista amanhã, 26 de janeiro.
Aos 30 anos, o primeiro disco de Chico César ainda está cheio de vida.
-27 de janeiro de 2025